Amar no Escrever

Olhar o mínino, apanhá-lo, exacerbá-lo e racionalizá-lo. Do pensamento para o papel directa e seguramente. As minhas mais inúteis e valiosas premissas.

Saturday, September 23, 2006

No centro de saúde.

Para uma pessoa normal, ir ao centro de saúde é quase tão mau como espetar um prego num olho. Pela minha natureza combativa contra estas merdices adiáveis apenas até um certo ponto acordei logo entesado. Uma tesão consciente nascida ainda em estado vegetal.
Vesti-me com cuidado como na maiorizíssima parte das vezes e saí porta fora todo gaiteiro. Mal cheguei ao centro fisguei umas pacientes de nível, passei por umas quantas assistentes de topo, não esqueci umas enfermeiras de qualidade e parei numa obra prima tão perfeita que ninguém percebia o que estava ali a fazer. Na volta pagam-lhe para ficar assim sentada... Se não o fazem deixem-me dizer-vos que merece mais que a puta da bronca que me atendeu ao balcão. Que culpa tenho eu de não perceber puto do funcionamento dum centro de saúde foda-se? Desculpe sim? Se calhar tenho mais que fazer do que passar aqui a vida né sua cona de sabão azul e branco?! Isto que não seja levado como expressão anti snaita tripeira. Fiquem sabendo que até sou fã da punani ribeirinha...
A gravidade deste dia chegou quando me apercebi que ir ao centro de saúde é tão mas tão mau que até a tesão me tira. Estava ali todo colado nas trocas de olhares com tal petisco de luxo e parei por não conseguir ignorar o que me rodeava...
Tudo começou com uma velha reformada, claramente longe da santa certidão de óbito, que respondeu ao "faça favor de entrar D. Amália" com o pedido de um TAC dos pés à cabeça! "Ai doutor, preciso de um TAC dos pés à cabeça!"!!!!!! Imaginem a minha cara... A merda da sala de espera era só velhas caquéticas que discutiam as doenças e as curas miraculosas do raio do médico. As zombies querem é análises! Oh que caralho! Mas análises para quê foda-se? Se vos doem as costas é de passarem o dia sem mexer o cu e ganharem dormência muscular! Sim, é isso! Dormência total! Já agora, porque ficam os maridos em casa? Os velhotes só vão ao médico em último caso porque os exames levam sempre a frases estilo "você tem de largar o álcool" ou "você agora é só arrozinho e grelhados". É perceptível que não gostem de ir... Mas porque gostam de ir as velhas?!?! Para as velhas é uma luta incessante até ao Sr. Dr. se sair com o "ai minha senhora, nunca vi nada assim!". Coisa dita uma em milhões de vezes mas inventada a toda a hora pela deficiência mental inerente em velhas inúteis, senis e suportáveis apenas por seres semelhantes. Não posso esquecer também o raio do comportamento na sala de espera. Atropelam-se umas às outras com "Aiiii!"s e "Não aguento"s enquanto discutem a merda da ordem de chegada e da respectiva consulta. E isto quando estão a pagar três euros porque na privada, onde desembolsam pesado, ficam todas caladinhas nas cadeiras como se mostrassem "outro nível" por estar ali a arrotar estupidamente. Paradoxos dignos de velhas ridículas!
No meio daquela tanga toda acabei por perder a menina de vista e de ser chamado a poucos minutos de matar velhas à machadada. O raio do médico perguntou-me merdas à toa e depois lá assinou o atestado para continuar a fazer desporto. Em direcção à porta do centro olhei para o balcão onde tive o encontro de terceiro grau com a besta fanhosa e reparei que a beldade a tinha substituído. Chamem-lhe karma ou o caralho mas acreditem que só mesmo a Monica Bellucci ou a Scarlett Johansson compensariam um trauma destes.

Fotografia tua.

Acordei eram cinco da manhã. Adormeceste aqui mas apanho-te virada para lá. Sinapses dormentes levam-me a tocar-te a anca o suficiente para te incomodar. Porém, ao teu mínimo mudar de fôlego deixo-te por seres mais importante. Abalas-me assim...
Acordei eram dez da manhã. Acordaste-me com um olhar divertidamente sério e puxei-te antes de me chamares preguiçoso. Tive o que precisava há já demasiado tempo e a tua ideia do presente é prova que não compreendes. Não ligas o sono leve à necessidade de te ter mal acordo. Não te apercebes...
Chego assim ao máximo minimizado que é escolher um segundo só meu como melhor momento do dia sem que o possas perceber. Se visses como te vejo quando não me vês percebias o quanto, o como e talvez o porquê de seres minha.
E não, não ficas melhor nas fotografias distraídas... É a lente que muda.

Thursday, September 21, 2006

Equilíbrio estético.

Creio que ainda menos sintam o amor espontâneo... A grande maioria abre as portas de uma possível paixão conscientemente e isso afasta-a da nada fútil realidade amorosa. O par, com seis meses ou dez anos, apresenta o equilíbrio estético. Na disjunção de carga fica-nos a ideia, muitas vezes correcta, que alguém oferece ilicitamente no outro lado da balança. Queremos, antes de mais, o par mais belo, sensual e atraente. Será amor o que se mete no prato de quem pesa menos? Porque vemos tipos normais com beldades mas nunca vemos o contrário? Serão os homens ainda mais fúteis que as mulheres ou apenas mais superficiais? Porque têm os ricos pares de sonho? Chamemos-lhes fodas de sonho? Medíocres eles e/ou elas?
Procurar resposta é perder tempo. Facto é que andamos toldados do sentimento, amarrados pelo socialmente belo. Vivemos inconscientemente fiéis à nossa natureza ambivalente capaz da podridão pouco inteligente e do remar contra a maré. Mais afundados estão os que soltam gritos de independência social e de "I couldnt care less!" sendo que os sinceros têm sempre mais pano para a felicidade. Desiquilibramo-nos pouco e sempre em momentos de fraqueza. Momentos em que estamos menos doentes.
O equilíbrio estético vai da beleza ao outfit, do bom partido ao trejeito outlaw. É o outside que sublinha o falso outstanding. Sejam como quiserem mas apercebam-se dele.

Orgulho na depressão.

Lembro-me do sorriso que me davas quando chegava. A importância da sua constante inconstância. Certo é o facto de me deixares de sorrir nalguns, poucos, dias. Dias em que acabámos por discutir a pouca companhia. Nunca consegui explicar-te a minha reacção menos entusiasmada na falta desse sorriso precoce por medo de lhe retirar a espontaneidade. Percebes portanto que mais valia discutir por perdê-lo sem to dizer do que arriscar perder outro.
Sou capaz de falar dele porque já não o tenho. Sim, é verdade, definitivamente.
Estes pormenores metem-me agora um leve twist nos lábios. Julguei-me especial por balançar entre a minha ténue linha entre o contentamento e a depressão e hoje julgo-me de maneira diferente. Hoje reparo que misturo o estado... Sinto-me feliz na depressão e completo no vazio.
Não te cobiço por falta de crer. Abraço portanto o altruísmo na agora distante relação. Perdi insignificâncias, amizades, vontades e discussões mas nunca antes me tinha sentido derrotado. Apercebo-me desta sensação como ponto final, parágrafo, travessão. À distância vejo muitos defeitos e isso prova que te amei. Amar foi tolerar sem esforço e muitas vezes sem consciência. Por isso sinto-me bem. Vivo longe da depressão não conseguindo no entanto esquecer-te. Em espaços que partilhámos chegam-me pensamentos alegres que remetem à minha condição. Percebo que não sofro de amores mas devo ser dos poucos que amam assim, ainda que na falta de outra opção, por escolha própria.

Tuesday, September 12, 2006

Dois pesos e duas medidas.

Assombra-me o desiquilíbrio na amizade. Numa relação ninguém dá com a mesma intensidade mas há estados de tal maneira desregulados que fazem qualquer um perder o norte. Há coisas que dizemos por parvoíce, por graça e por tudo menos sentido levando-me a crer que a genialidade do amigo está na percepção do timing. Um amigo que reaja sempre da mesma maneira à mesma situação é um "social dildo" e um amigo que não se interesse pelo estado de espírito que temos é uma merda. Chamem-lhe interesseiro, egoísta ou egocêntrico que eu chamo-lhe uma merda. Note-se que não ter interesse nada tem a ver com não mostrar interesse! Muitos bons amigos ao perceberem nuances mais tristes combatem-nas com felicidade radical. Importante é compreender os diferentes estados dos amigos sem julgarmos as suas razões. Se dizem "não fiques assim por uma parvoíce", antes do amigo se referir à raiz do problema como parvoíce, são amigos medíocres ou, pior ainda, pessoas medíocres. Se se interessam mas perdem interesse quando não compreendem pessoalmente a razão da tristeza, são amigos cínicos e incompetentes. As fases em que a desregulação da amizade se vinca vêm com a mais ou menos natural e mais ou menos compreensível desregulação de um dos polos.
Os que se preocupam e se sentem sempre capazes de ajudar, preferem passar os maus tempos sozinhos. Podem não o fazer mas porque, inadvertidamente, a companhia se mostrou capaz num primeiro episódio em que a tristeza era demasiada para ser escondida em todos os cenários. Para esses, partilhar os maus momentos pode ser doloroso. Dor vincada na incompetência com que alguns reagem à mudança de carácter tão característica das alturas mais pesadas.
Sou intolerante por excelência mas num dos meus passos comecei a tolerar de tudo um pouco, sem perder, no entanto, a noção das minhas fronteiras. Não me escapo portanto a uma tolerância consciente. Tolero porque decido tolerar.
Frio e calculista reflicto antes de agir e arrisco porque me interessa arriscar ou porque, pura e simplesmente, me dá gozo. Todos repetimos o que nos dá gozo. Não posso portanto dizer que tenha momentos de singular reflexão. Tenho momentos de singular reflexão das reflexões.
Há portanto quem me veja tolerante e espontâneo quando o sou unicamente por opção. Há portanto quem veja traços meus e os junte a momentos de mau humor. Há quem se preocupe com ocasiões minhas mas não se preocupe comigo. Há assim amigos incompletos que, por falta de vontade ou excesso de burrice, não vêm como sou. Amigos que servem apenas para tornar os bons dias melhores e nunca para tornar os dias bons.

Thursday, September 07, 2006

A cota do prédio.

Infelizmente não sofro deste mal mas a maior parte dos meus amigos sofre, e de que maneira, tendo já presenciado várias vezes a potencialidade da coisa quando optamos por ficar em casa de alguém a jogar poker, ver filmes, tocar guitarra e, obviamente, dizer parvoíces. Falo-vos da cota do prédio, um bicho muito comum e muito agressivo munido com algumas de muitas armas possíveis.
A cota em causa tem normalmente uma idade compreendida entre os trinta e cinco e os quarenta e poucos anos. Vem com filhos, com um marido e com as características do costume mas o que a torna "A cota do prédio" é a presença de outras armas. Vem munida de um penteado juvenil solto, nada comum nas mulheres já com algum estatuto social, ou então com um cabelo curto "up to date" arranjado num cabeleireiro de topo. Tem uma altura normal, compreendida entre o 1,63 e 1,70 mas usa sempre, no dia-a-dia, meio salto para ficar mais esbelta e elegante. Veste-se com a classe de uma senhora, com um decote bem vincado, e usa maquilhagem nada exagerada, bem retocada e pouco chamativa. Tendo já um tipo de vida social e capacidade monetária, apresenta-se sempre sorridente e bem disposta assim como aberta ao diálogo entre vizinhos. Usa apetrechos de nível como relógios channel e joalharia fina de ouro branco, não esquecendo os perfumes proeminentes e pouco frutados do estilo Jean Paul Gaultier e Yves Saint Lorent. Apresenta-se com um ar pouco cansado mas altamente profissional e ocupado. Tem portanto uma genica fora do normal aliada a uns trejeitos femininos bem vincados.
O seu marido, no entanto, é sempre o tal homem oito ou oitenta em alguns aspectos. Pode ser formal ou desengonçado, autoritário ou de simpatia chata, extremamente calmo ou estupidamente apressado e muito pensativo ou totalmente inerte. No entanto, têm todos grandes carrões, são workaholics do piorio, andam sempre ocupados e pouco disponíveis para ajudar em casa e para lhe fazerem a companhia desejada. Ao fim-de-semana vão para onde ela manda senão optavam, sem esforço, por ficar o dia todo a ler O Expresso à espera do telejornal e do jogo do Benfica sentados na poltrona com aquele ar de "aiii belo e merecido descanso". Estes homens metem bastante impressão e vincam loucamente a ideia de sexo louco com a boa da cota. Viver com uma mulher daquelas e tê-la como "boa mãe" só me dá vontade de entrar ali à cabeçada... A mim e a muito boa gente!
O problema desta cota é a tensão sexual que nos causa. Estamos habituados a conhecer e a interessarmo-nos por raparigas acessíveis ao flirt mas o raio da cota não dá! Ou têm a sorte de ser uma doida e arranjam pinanço de elevador, e de mês a mês quando o marido vai aos seminários, ou se limitam à mais comum frustração sexual. O que davam meus rapazes por uma pinada com a cota do prédio? Quem tem a ideia que ficaria mal servido sexualmente? Quem reza no elevador para que o puto deixe cair o brinquedo e a mamã se debruce connosco? É que se debruça ela bem rápido pela irritação e nós pela taradice disfarçada de cavalheirismo! Quem é que num dia bom entra no prédio e não pensa: "agora para arrematar a coisa era passar a Dra. Gonçalves para eu lhe mandar um olhar bem controlador e observador e ela me responder com o sorriso pouco inocente do costume!"? Pois... Não são mulheres, são bichos! E esta consciência leva-me a crer que não devemos descansar até ter uma!!!!! Nestas maluqueiras sonhar é viver!!!!

Tête-à-tête

Então, tudo bem? (..horas..) Eu depois ligo.te!


Espera! Espera, espera, espera! Tens de saber isto... Tenho abraçado a tua distância com palavras. Expressões, frases e parágrafos errantes que recebo de braços abertos. Junto-os, coordeno-os e corrijo-os optando sempre por apagá-los. Sim, são as palavras mais belas, pesadas e vincadas. Sim, são só tuas.
Pára com isso! Não penses sequer numa palavra e tira já essa expressão carregada; quase me levas a abanar-te e a pedir que acordes... Enervas-me quando te sufocas por me deixares sem dever! Percebes isso? Como queres que te encha se páras logo de inspirar? Tens medo, mágoa ou frio? Se sim abraça-me já! És fraca, burra ou fútil? Não parece mas muitos são e só deprimidos o admitem! Muitos não o sentem por buscarem força, inteligência e sentido na sua consciência, explorando o sítio errado e buscando não mais que a superficialidade. Não me peças palavras se optas sempre por fechar-te em copas. Não conseguirás nunca sentir o que escrevo se seguras o fôlego quando me aceitas. Não terás o direito de sentir que me conheces nem a noção de como te conheço. Não me poderás comparar às estações do ano e perderás o calor do gelo assim como a beleza das folhas mortas. Optas por mais do mesmo antes sequer de me ouvires e nas tuas mais ridículas frases fico preso. Agora respira assim no meu espaço e aprende hoje a sufocar por excesso de ar. Assim, como nunca sufocaste antes.


Volto a mim e reparo que nem o "Espera!" me saiu... Sigo já o meu caminho e rendo-me agora à cobardia por ter sucumbido ao silêncio mais fácil, ainda que morra de vontade de te dizer mais.


- Se tu uscissi del nero e guardassi i colori ti saresti reso conto di verdermi verde lattuga

Gaja_boa.pt

Já repararam certamente que o engate nocturno muda consideravelmente consoante o espaço geográfico. Engatar em Faro é totalmente diferente de engatar em Lisboa ou em Braga. No entanto, a diferença entre esses engates é inferior à diferença entre o engate luso e o engate estranja. Numa conversa de café com o meu amigo João acerca da espacialidade do engate, chegámos à conclusão que estamos em zona pobre por culpa da gaja_boa.pt.
Temos uma tendência natural para nos comportarmos como as pessoas que admiramos. Começamos na adolescência a vestir-nos e agirmos como o grupo de amigos - com o perigo de perdermos identidade pessoal - ou então optamos pela disrupção total - normalmente ficando uns freaks do caralho-. Ainda hoje somos, conscientemente ou não, muito influenciados pelos que nos rodeiam. Onde quero chegar com isto é que certo tipo de comportamentos são contagiosos.
A gaja_boa.pt é aquela gaja que à noite olha para todos com aquele ar "eu sou muito boa, adoro mostrar a minha confiança, mas olho todos com desprezo porque só me querem comer e eu não sou superficial!". Este tipo de gaja abunda em Lisboa e vai sendo muito vista para o norte do país. Advirto desde já o engatatão menos experiente e confiante a dar espaço visto que estas éguas mandam, com muita frequência e logo a priori, coices valentes, capazes de desmoralizar um gajo com a melhor intenção de todas; a de conhecer uma mulher interessante. Este tipo de comportamento enjoado nada tem a ver com tédio. É mesmo uma mood de quero, posso e mando na sua total plenitude. Afinal de contas elas divertem-se com isto. Esquecem-se no entanto que fazem a sua própria cama! Queixam-se que só as querem comer e nem perguntam de quem será a culpa... A culpa é da fronha que metem! Se se divertissem com os seus amigos descomplexadamente talvez chamassem a atenção dos parolos assim como dos gajos decentes, e talvez ganhassem experiência na rápida distinção entre um tipo culto e educado e um tipo com trissomia vinte e meio - doença a ser explorada num futuro texto - mas com aquela máscara de merda, só mesmo um parolo tesudo que queira uma gaja pa mostrar aos amigos e para brincar ao pixamol é que lá vai.
Este comportamento é ainda por cima contagioso. Muitas raparigas, cansadas da aproximação constante de nabos, rabanetes e outros legumes do género, acabam por se fechar também adoptando tal postura e alegando falta de paciência. Enfim...
Aqui se encontra a problemática portuguesa... As gajas que têm medo de ser putas ou que estão fartas de assédios não dão bola a ninguém e os gajos que não querem parecer que estão ali só para comer têm muito mais dificuldade em aproximar-se por demorarem a encontrar alguém que lhes diga mais que um par de mamas. Aproximam-se portanto, 90% das vezes, putas e comilões e os restantes 10% são sempre injustamente confundidos.
A partir do momento que nos conciencializamos deste problema damos o primeiro passo para fugir à regra. É preciso é ter lata! Temos portanto a função de tentar as mulheres que nos despertam interesse. Se nos interessamos por uma com cara de boi então é arregaçar as mangas e dar-lhe boa disposição com mais uns add-ons. Afinal de contas todas precisam, fora uns quantos gostos pessoais, de um homem com as boas características do costume a curto, médio e longo prazo.
Para as gajas_boas.pt, abram esses sorrisos e divirtam-se despreocupadas com o que vos rodeia. Lembrem-se que por mais que a maioria vos queira saltar para a cueca há sempre quem vos queira primeiro conhecer direito, e mesmo os virados para o sexo moulinex acabam por não querer mais que sexo. Sexo é bom quando se quer e ninguém vos vai obrigar a foder!

Síndrome do Bairro

Nas minhas mais recentes saídas à noite tenho andado um tanto ou quanto tesudo. Tesudo sempre fui por isso o problema talvez esteja numa vontade intrínseca de abardajamento grave. Só me apetece é dirty talk e foder à bruta, sempre, obviamente, com o devido jeito. Ofereço bebidas a miúdas não pela cor dos olhos ou brilho do sorriso mas sim pela capacidade conangal que transpiram. Dou por mim completamente vidrado em coisas mamalhudas e de felicidade fácil, aquelas "meismo bouas" que se contentam com dois ou três orgasmos diários. E isto é grave. Normalmente sou daqueles tipos que está divertido no seu grupo e vai conhecendo algumas pessoas nunca estando alheio a obras de arte. Ora nas últimas saídas sou o tipo que dança com miúdas que não conhece e que transmitem a sensação que não tarda me vão pinar num canto qualquer. Não perdi, no entanto, a capacidade de assimiliar aquelas mulheres com nível. Enfim, sou mesmo "maluco" para os meus amigos e estou numa "fase" para as minhas amigas. Estando consciente que deva ser uma crise por o verão estar a acabar - não que no inverno se foda menos mas sim porque férias e roupinha de verão deixam sempre saudades - acabo por não me preocupar com a cena mas sofro dos males pelos dois lados. Um gajo que goste de mulheres já vê coisas doentias. Um gajo que goste de mulheres e que esteja aberto ao abardajamento ainda vê coisas piores! Deixo aqui uma lista para as mulheres com dez regras simples. Lista apenas ligada ao sítio onde fui sair nas últimas duas semanas, o Bairro Alto.

1- Se és gira, educada e engraçada. Se transmites a ideia de seres um bom partido pelo todo. Se és portanto uma mulher com nível e se estiveres acompanhada, por favor, sorri e diverte-te ou manda o gajo passear. Não há coisa que me bata mais que ver mulheres de nível entediadas na companhia de um macaco qualquer.

2- Se és uma pita boa com técnicas chamatórias desenvolvidas faz questão de ir engatar putos. Perder tempo com gajas que depois respondem "ah dezoito" é um tanto ou quanto mau. Um gajo já sofre o suficiente com aquelas dos vintes que não sabem malhar quanto mais com pitas tesudas.

3- Se tens problemas amorosos ou problemas de auto-estima estou-me a borrifar e acho bem que te dirijas aos teus amigos com essas conversas. Se não tens amigos que te aturem dedica-te aos parolos do risco ao lado; esses ouvem-te sete horas só na ânsia de te comer e, mesmo que não comam, vivem felizes.

4- Se tens um QI baixo e és fisicamente interessante procura o abardajamento com a malta ou o flirt adolescente com os surfistas de picha mirrada. Agora relê e não cometas o erro de me vir chatear sem ser para abardajar o esquema.

5- Se tens um rabo de nível e usas calças de cintura descaída porque "ah sempre gostei destas calças!" então faz questão de deixar a barbatana caudal lá dentro. Não há coisa que incite mais à chafurdice que uma tesuda com a tanga toda de fora porque está distraída.

6- Se procuras gajos de nível, tens nível e tens também um peito de nível, mostra-o da maneira que quiseres mas por favor não o roces em toda a gente. Não há maior turn off que olhar para uma mulher atraente, reparar num decote daqueles e depois levar com quatro ou cinco manfios a roçarem-se e a pedirem desculpa no meio de sorrisos e o caralho...

7- Queres dar nas vistas? Então por favor tem a decência de ir saltar pá cueca do resto da malta. Nem mesmo em mood para abardajar consigo dar valor a pindéricas com o pito aos saltos.

8- Se procuras alguém que te oiça verdadeiramente, que te mime docemente, que te faça sentir confiante e preenchida, que te apaparique com meiguices como banhos de imersão à luz das velas e jantares e pequenos-almoços de luxo então pára de ser uma puta.

9- Se queres um gajo para apresentar às amigas é simples. Procura aqueles com o cabelo à beto, normalmente descolorado, com um bronzeado surreal e que dizem duas frases de marca "amanhã querex vir a carca?" e "já te dixe ki goxto muito do mari?". Se não apanhares estas dicas normalmente sai esta: "xou xurfixta da linha".

10- Rapariga! Se te consideras alguém especial e queres alguém com nível então sai na tua e diverte-te com os amigos. Não dês bolas nem chames atenções indevidas. Vais ver que alguém, muito provavelmente de jeito, te tocará no ombro e te convidará para dançar.

Note-se que o guia se destina a todas! Freaks, da linha, mulas, eclesiásticas, académicas, noctívagas etc

Vida latente.

Pergunto-me como escrevo. Sinto-me verdadeiro mas estou longe da sinceridade pessoal da ideia. O exacerbar dos sentimentos torna os textos reais menos colados à minha realidade, no entanto, torna também a problemática mais forte e geral sendo essa a ideia deste papel. Sim, porque o pormenor é circunstancial.
De face crítica em punho, doente de sentir ou farto de fazer, não vou à comédia nem drama. Escrevo assim o que vivo verdadeiramente num estado de vida latente. Escrevo coma.

Tuesday, September 05, 2006

O Cabo de São Vicente.

Acordei cedo e aluguei uma bicicleta. Viagei lentamente até Vila do Bispo e almocei farta mas requintadamente. Abracei a sombra duma árvore e não falei mais por me sentir cheio. No caminho contrário virei à direita e rumei ao Cabo de São Vicente. Visitei o farol, fotografei amigos e paisagens. Apanhei uma das vistas mais assombrosas ao contemplar, do cimo da muralha, o horizonte cortado por um penedo monumental sempre massacrado pela personalidade do mar. Voltei à moradia já de noite e, ainda enérgico, optei por parar e respirar fundo. Aí me chegou o raciocínio...


Vivi um dia com amizades e amores presunçosamente. Tão grande me sentia que sorria como imperador embalado pela sua mais gloriosa conquista. Desatado pelos que me acompanharam ri alto, falei sem filtro, gritei por gritar, corri por correr, abracei por necessidade e amei por sentir. Num só dia resumível num parágrafo reparei no mais belo do universo. Por fim, soltei uma lágrima e escondi-a por hábito. Vivi assim um dos dias mais felizes da minha vida e o que me deixa feliz hoje é ter um sorriso alheio gravado por baixo das pálpebras. Ter gravada na alma mais uma noite em que o sono não chegou pela insaciável vontade de fazer amor. Por um só dia vos agradeço e sinto ter tudo valido a pena. Por mais que se cansem e partam, prometo não vos esquecer abraçando agora a humildade de me curvar perante os que, num dia, me coroaram rei.

Meus ricos filhos!

Não na totalidade mas na maiorzíssima parte dos casos, o amor acaba por ter prazo de validade. Desde os pequenos e infrutíferos casos de amor até ao casamento somos confrontados, frequentemente, com a dolorosa exumação do nosso eu singular. Contra frases tão fatalistas lembram-se agora, pela quantidade de gente casada, que a consagração do amor não é tão difícil como faço parecer. Lembram-se da tia Francisca e do tio Horácio assim como de outros casais mas o que quero vincar é que este não é amor familiar. É esse o ponto fulcral para apoiar esta minha opinião.
O amor familiar é um amor diferente. Chamemos-lhe um amor pré-definido. Um amor de nascença. Quando dois familiares que se amam se zangam verdadeiramente, nenhum deles põe em risco a continuação da sua relação. São raros os casos de verdadeiro amor familiar que acabe e leve à separação total das pessoas. Podem apelar ao casamento duracell, que ao fim de um certo tempo leva os cônjuges a serem família, mas este laço nada tem a ver com o laço familiar. A ligação de um casal não deve estar dependente financeira, profissional, burocrática e familiarmente (Sim, esqueçam a ideia que os filhos precisam de pais juntos... Hoje em dia é muito mais traumatizante para os putos ver o Castelo Branco na televisão do que ter pais separados e, mesmo assim, ninguém tenta tirar a TVI do ar. Importante para os miúdos é terem pais que amem e vivam o amor). Para um casal exigente, que se ame com muito mais certezas que dúvidas, estas dependências podem existir, visto não fazerem peso na sua ligação, mas fora este caso devem ser cortadas imediatamente. A liberdade de escolha é assim muito importante e os casais devem sentir que estão juntos unicamente por uma opção amorosa tomada dia após dia assim como se devem sentir capazes de acarretar com a vida sozinhos já amanhã. Outro dado que faz diferir o amor familiar do amor entre casados está relacionado com o facto de muitos casamentos duracell acabarem em divórcio e, pior que isso, são aqueles "inacabados" com duas pessoas que, não estando estagnadas amorosamente, estão já estagnadas na ausência de amor. Estes últimos parecem raros mas são muitos e é duma das suas frases de marca que quero falar.
Uma frase que não aguento em pessoas casadas e supostamente apaixonadas: "ai o melhor da minha vida são os meus filhos". Mas que raio de doença é esta? Será que nenhum pai tem lata para dizer "o melhor da minha vida é a minha mulher"? Será que ninguém repara que os filhos são amados antes de mais por serem filhos? Ninguém escolhe os filhos que tem! Por mais que tenhamos um filho burro, fedento e asqueroso amamo-lo sempre. Ter filhos não é mais que uma fase da vida que, tendo muita importância no crescimento das pessoas, não é sequer obrigatória. Amar um filho está relacionado, na maior parte dos casos, com o mais forte amor familiar mas um amor pré-definido, ainda que pleno de orgulho e que leve também à realização pessoal dos pais, não se compara nunca ao amor que escolhemos. Compreendo que quando a coisa resulte os pais se sintam consagrados mas deixem-se de merdas. Os vossos filhos não são diferentes de nós! Mesmo que vos oiçam atentamente serão escritos por vós prioritariamente apenas durante um curto espaço de tempo reflectindo-se essa relação numa parte relativamente pequena da sua personalidade adulta; fora em caso de trauma infantil e coisas desse género.. O mais importante da nossa vida tem de ser aquela pessoa que abraçamos por palavra nossa! Se metemos sinceramente os filhos à sua frente está na hora de começar uma introspecção grave, de pedir o divórcio ou de nos consciencializarmos que somos amantes falhados na maior aventura das nossas vidas. Aquela que não depende de espermatozóides nem de óvulos funcionais. Aquela em que só precisamos de ser pessoas! Não serão os filhos importantes a priori por serem a consumação de um amor? Mesmo em caso de adopção... Não serão os filhos uma etapa da vida que se quer etapa do amor? Criar filhos é difícil e trabalhoso mas já o homem pré-histórico o fazia. Amar filhos é bonito e natural mas até o mais burro dos animais opta por dar a vida por eles. Não tirando mérito aos bons progenitores deixem-me implorar-vos para que dêm valor ao vosso par. Em amar os filhos como toda a gente ama e reconhecer a cara metade como a maior valia do universo encontra-se a mais bela prova da vitória. Não da única batalha que temos pela frente mas, sem dúvida, da mais difícil e gloriosa de todas.

A galinha da minha vizinha...

Suando tolerância e respirando optimismo, luto todos os dias contra a desregulação relacional obrigatória em todas as relações que percorrem o tempo. Aceito o pessimismo dos outros e até a exagerada exigência mas não o negativismo e a descrença.
Abraço com naturalidade a desavença da discórdia e rejubilo com uma discussão cheia de vincos e trejeitos. Amo mesmo o comum e o disruptivo nascidos na formação do conjunto. Enoja-me, no entanto, a desvalorização do que é nosso. Por falta de fraqueza não me corto e quando amo sinto-me parte de um todo.
Debruçando-me sobre o mais simples e comum pergunto: Porque sentem os homens uma mulher garantida depois do sexo? Porque mudam a sua postura? Porque rebaixam mulheres os homens que as amam e os comparam aos homens que as cobiçam?
Todos temos direito a cansar e a parar momentaneamente...
Nos altos e baixos de uma relação fica-me a vontade sobrenatural de passar barreiras amorosas. Aquelas tão naturais como os momentos inesquecíveis. Não admito a descrença e a falta de confiança de alguém por quem daria a minha sanidade. Sinto a minha força quando dou disponibilidade à falta de disponibilidade, quando ofereço tolerância à distância momentânea e quando emprego o meu suor para atar o que é nosso sozinho. Melhor que tudo isso é ser assombrado pelo adormecer sentimental e reagir espontânea e naturalmente a ele, sem nunca esquecer o que sinto e o seu valor. Concordo que naturalmente estejamos rotulados como uma raça incansável na procura do melhor mas raiva tenho daqueles que, perdendo o sentido da coisa, procuram o melhor no que os rodeia e no que lhes escapa. O que vos escapa não é o que buscam! O que vos escapa é somente o que não têm! Se querem fugir ao que têm sejam sinceros explicando o que quiseram ao manter a relação e o porquê de alguém totalmente fantasiado abalar a realidade estática por culpa mútua e principalmente vossa. Amem por amar e não por falta de melhor e vivam então sem desculpas. Na vontade de viver sem descrédito está sem dúvida o ímpeto em partilhar momentos em conjunto e em conjunto crescer até ao verdadeiro limiar da vivência. Nessa vontade abraçamos a fome amorosa e negamos a superficialidade do resto.

Monday, September 04, 2006

Hoje fui de metro para a faculdade

Hoje fui de metro para a faculdade. Como sempre, é assim em ambientes prenhes desta ambivalência multidão/isolamento que me ponho a pensar aos tropeções: deixo o primeiro pensamento chegar à minha cabeça e contra esse o segundo não existe sequer. A seguir pego naquele que, mais uma vez, surge do nada. Começo de novo. Hoje tentei seguir um pensamento, fazer dele raciocínio e tecer, tecer, tecer até dar um nó final - na costura diz-se remate não é? À sombra da máscula dúvida fico-me pelo nó final -. Tudo isto sem deixar esse transe quente e sedoso.

Não consegui.

Pus-me a pensar nos momentos mais tristes da minha vida. Estes eventos são quase palpáveis. Nestas coisas devemos ser cegos neste teatro esquizofrénico que é a nossa alma: tentei apagar as luzes que lançam sombras sobre o palco. Ficou o toque. Procurei esses momentos tristes da minha existência.

O que faz de um momento triste e de outro alegre? É impossível dizer se nos abstrairmos de qualquer contexto em particular. Diria mesmo que as próprias emoções da tristeza e da alegria são melhor definidas enquanto secreções químicas no nosso corpo físico, o que é o mesmo que dizer que pertencem a um outro nível distante da nossa compreensão, incompreensível fora dos perversos livros. Curioso ein?

Somos nós acima de tudo que fazemos dos livros perversos. E nunca deixamos de o fazer. Eles servem sempre o nosso propósito. A ideia é sempre moldada algures no canal de comunicação mais do que na mente do próprio criador.

Assim que apalpei todos esses momentos no escuro iluminador da verdade sobre a razão…

(
Porque é que a verdade está tão distante da razão? Existem razões que a razão desconhece? Lembro-me de um livro de Tabucchi: “A filosofia parece que se ocupa somente da verdade mas se calhar só diz fantasias, e a literatura parece que só se ocupa de fantasias e se calhar diz a verdade”.

“Atinge-se a verdade através da descrença e do cepticismo e não do desejo infantil de que uma coisa aconteça de certa maneira”. Nietzsche.

Cuidado Pedro, os livros são perversos! TU faze-los perversos. Não os lês como queres? Não usas o que lês como queres? Não recordas apenas aquilo que queres? É isso que queres?

Mas afinal tudo isto não estava, por sua vez, também escrito em livros? Não o leste tu!?

)

…, apercebi-me que eram tão existentes, tão pulsantes de vida própria. Vísceras das minhas vísceras. (Gosto da palavra víscera, gosto ainda mais da palavra vísceras: sabe a maligno, a retorcido, a irritante, a entorpecido, a embriagado, a desgastante). Contei-os pelos dedos das mãos não fosse a aritmética lixar-me as contas. Contei 6. Noves fora. Os outros tantos momentos visíveis pelos holofotes da razão não foram alumiados por esta luz que alumia de olhos fechados. Essa que alumia até quanto os fechamos só na nossa mente. Mas só quando os fechamos.

Alvalade, até à próxima estação tenho que resolver isto.

O que têm de comum todos esses momentos?

Lembra-te! O quê?

Campo grande, há ligação com…

O quê?

Os holofotes reacenderam-se, penso agora com a razão. A verdade não explica, expõe. Preciso da razão agora.

Não tive tempo para lá chegar. O metro está a andar mais depressa não está? Não estou a aludir ao passar do tempo: falo na prática! Acho que desde que cheguei de Itália os metros percorrem as estações mais depressa do que dantes.

Eu disse que desta feita não tinha atado o nó final ao tecido de emaranhados convulsivos de correntes frias desta minha alma tão morna.

O tempo fê-la aquecer ou arrefecer? Já não me lembro como eu era.

Saí da carruagem.

De súbito lembrei-me de algo em comum nesses momentos todos. Não foi nenhuma experiência mística, nenhum in sight ou qualquer outro tipo de caca mole vinda do céu. Foi descobrir o número de uma casa de um sudoku renitente em revelar todo o seu esplendor de quadrado com números lá dentro.

Não atei nó nenhum.

Lembrei-me apenas que em todos esses momentos tristes da minha vida, os mais tristes, não chorei.

Sorri.

E foi a sorrir que cheguei à faculdade.

Ponto final, parágrafo

A culpa por não estarmos juntos é das palavras. Não só das que te escrevi mas também das que optei por apagar ou guardar. Podia jurar que no dia em que conseguisse escrever assim teria a oportunidade de fazer uma mulher feliz. Tinha a certeza disso e perdi a fantasia que me abraçava em todas as palavras que busquei. Grande parte da magia acabou. Hoje sou o homem do costume... O tal que tem muito e ama pouco. Queria tanto voltar a sentir que perdi o controlo com a pessoa mais fascinante que conheço. Por isso desculpa. Pensava mesmo após a escrita que teria a minha chance. A oportunidade que queria não ia deixar fugir e provar-te-ia todos os dias que a mereço sempre. Conquistar-te-ia no dia-a-dia das maneiras mais surpreendentes como antes. Não estou triste mas sinto-me perdido. Como se a coisa que mais quisesse ficasse inacessível de um dia para o outro. Raspo-me por dentro para que saias a mal e ignoro vozes de fora que me chamam para elas e dizem que me querem a valer. Ignoro-as sem exitar... Enquanto me raspo consciencializo-me que te devia ter dito tudo olhos nos olhos. Tens pouco tempo passado a meu lado sem me julgares. Não sabes a segurança que transmito nem as acções de que sou capaz para te fazer sentir a melhor. Errei, portanto, em todos os passos que dei. Sei que sentes que fiz tudo muito bem e muito sinceramente mas é impossível cobiçares alguém tão fácil e distante! Sensibilizares-me foi simples. Raspo com mais força e ignoro a ferida que vou fazendo. Abro-a tão profunda que me entras na circulação e sinto o corpo a encher de vontade. Não a controlo e é aqui que decido vir escrever-te. Perdes-me à velocidade dum grito assim como senti que te ganhava. Fecho os olhos e sinto-te forte cá dentro na incapacidade de te expulsar. Não me alimento. Tenho fome mas se comer vais viver e crescer mais. Morres definitivamente e contigo morre muito do meu sangue. Na morte senti o teu abraço e quase acredito que não percebes o que rejeitas, que não compreendes o que tens e que devia ter mais paciência continuando, subtilmente, a minha dedicação a ti. Enfim... Devia fazer as coisas do início bem feitas e vontade não me falta. O que me pediste não foi isso e a incapacidade de te contrariar num pedido directo faz-me sentir único e valioso mas também ridículo. Sou o tal "excessional" que cumpre a sua palavra para que vivas feliz mas que deixa fugir o mais belo canto de ave que ouviu.
FODA-SE! Foste a minha paixão. Tive paixões na adolescência mas sou já vincado e decidido. Grito para mim e continuas a minha paixão. Perdes hoje aquele que te deixa apenas porque pediste. Perdes hoje aquele que te sentiu como se o "nós" fosse destino. Aquele que morreria a ouvir-te, a beijar-te, a moldar-te, a sentir-te, a limpar-te, a aquecer-te, a falar-te e a mimar-te não por opção mas por puro gosto. Na última vez que te escrevo não o faço alegre como queres e mereces. Guardava palavras felizes para o resto do nosso "nós". Para depois de um beijo. Miúda, desculpa.

Companheirismo amoroso.

A generalização do que escrevo tem de ser esquecida neste texto. Tenho o cuidado de escrever acerca de dados gerais, obviamente, a vulso sentidos antagonicamente ou não. Neste texto escrevo algo que questiono quanto à sua generalidade. É portanto uma ideia de relacionamento pessoal que não consigo evitar e acredito ser das poucas pessoas que o tenham ou, ainda menos, que dele se apercebam.
Dedico-me aos amigos a sério sendo incapaz de os ter a torto e a direito. Para mim podemos ter os companheiros e compinchas que quisermos mas os verdadeiros amigos temos de ter poucos.. Importante é viver incessantemente grandes amizades e tê-las em abundância trará insuficiência a umas, banalização de outras e desapêgo ao "me time".
Existe, no entanto, uma espécie de companheirismo que desenvolvo com muito poucos companheiros do sexo oposto. Uma espécie de amizade que está longe da cumplicidade e abertura total devido apenas à atracção sexual. Por mais empatia e compatibilidade que veja numa dessas amigas sou incapaz de lhe falar acerca de amores e coisas do género. Sou também incapaz de conversas fúteis e desinteressantes. Quando estou com elas fico num estado dormente em que, inconscientemente, sou levado a procurar o melhor em mim e a extravasá-lo no momento. Quando não o consigo fazer fico chateado por não me ter sentido boa companhia. É uma relação sincera, acesa e regular em que a mudança que me incute no estado não leva à falsidade e desonestidade. É uma relação saudável de flirt constante sem qualquer pretensiosismo. Relação que abraço de uma maneira especial por ser impossível de procurar.
A força do companheirismo amoroso está na incapacidade de o explicar correctamente, na ânsia de o viver regularmente e na necessidade de o manter para sempre. Assim me apercebo de mais um traço meu e saio de casa sabendo que, no meio de risadas e parvoíces, estarei com alguém que não busco mas que me ate o raciocínio como se buscasse.