Amar no Escrever

Olhar o mínino, apanhá-lo, exacerbá-lo e racionalizá-lo. Do pensamento para o papel directa e seguramente. As minhas mais inúteis e valiosas premissas.

Tuesday, September 05, 2006

O Cabo de São Vicente.

Acordei cedo e aluguei uma bicicleta. Viagei lentamente até Vila do Bispo e almocei farta mas requintadamente. Abracei a sombra duma árvore e não falei mais por me sentir cheio. No caminho contrário virei à direita e rumei ao Cabo de São Vicente. Visitei o farol, fotografei amigos e paisagens. Apanhei uma das vistas mais assombrosas ao contemplar, do cimo da muralha, o horizonte cortado por um penedo monumental sempre massacrado pela personalidade do mar. Voltei à moradia já de noite e, ainda enérgico, optei por parar e respirar fundo. Aí me chegou o raciocínio...


Vivi um dia com amizades e amores presunçosamente. Tão grande me sentia que sorria como imperador embalado pela sua mais gloriosa conquista. Desatado pelos que me acompanharam ri alto, falei sem filtro, gritei por gritar, corri por correr, abracei por necessidade e amei por sentir. Num só dia resumível num parágrafo reparei no mais belo do universo. Por fim, soltei uma lágrima e escondi-a por hábito. Vivi assim um dos dias mais felizes da minha vida e o que me deixa feliz hoje é ter um sorriso alheio gravado por baixo das pálpebras. Ter gravada na alma mais uma noite em que o sono não chegou pela insaciável vontade de fazer amor. Por um só dia vos agradeço e sinto ter tudo valido a pena. Por mais que se cansem e partam, prometo não vos esquecer abraçando agora a humildade de me curvar perante os que, num dia, me coroaram rei.

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