Amar no Escrever

Olhar o mínino, apanhá-lo, exacerbá-lo e racionalizá-lo. Do pensamento para o papel directa e seguramente. As minhas mais inúteis e valiosas premissas.

Wednesday, August 30, 2006

O amo-te omitido.

Entristece-me a desvalorização da palavra amo-te. Facto é que está demasiado batida e consequentemente fora de moda. Já pensaram que há uns tempos era, certamente, a palavra que toda a gente mais queria ouvir? Pois... Hoje não lhe damos a mesma importância. Hoje se a ouvimos tomamo-la na sua estúpida conotação social. Jamais poderemos dizê-lo em público com excessão para um dia de casamento ou de parto. Dias esses em que tudo diz "lindooo!!!" e depois pensa "pronto, é dia de festa". Depois há quem o diga curriqueiramente sempre que desliga o telefone e noutras parolices do género. Também há aqueles que lhe tiram a espontaneidade e obrigam o parceiro a pensar antes do obrigarem a dizer. Eu, consciente desta realidade, sou incapaz de a contornar e só a valorizo em determinadas condições.
O que descobri hoje, porém, foi uma espécie rara. Tomei consciência de um tipo de amo-te. O amo-te omitido! O amo-te omitido não é mais que a vontade de dizer amo-te quando nenhuma realidade presente o permite excepto a realidade amorosa. Imaginem que têm uma paixão daquelas mesmo cheias e prometedoras mas totalmente em fase pré-amorosa. Daquelas em que sentem o amor apenas a uns tempos de distância. Essa paixão está demasiado triste e procura ajuda em vocês. Não querem soltar um amo-te? Ainda não há razões nem condições para amar, e o mais certo é a paixão se virar com um olhar mesmo estranho, mas não vos apetece dizer um grande amo-te entre duas das suas lágrimas? Agora imaginem a vossa ex-namorada agarrada a alguém no meio de dez amigos mútuos. Vocês estão melhor sem ela mas ao verem-na pela primeira vez depois da separação vem o bicho e morde mesmo com força. Não querem dizer "eu amo-te foda-se!!!!"? Então e numa discussão acesa em que se procure uma decisão importante e em que desconversar é sinónimo de derrota? Durante a cena agarram um olhar, um tique, uma palavra ou outra coisa perfeita que vos abale e vos faça sentir o amor espontaneamente. Não o vão querer verbalizar bem alto? Espero que tenham percebido a ideia e espero sinceramente que já a tenham sentido.
Não há a meu ver uma vontade por uma palavra mais forte que esta. É o amo-te puro no poder total da palavra. É o amo-te que nos faz tremer como antes. É a constatação que o amo-te é ímpeto, é querer, é sufoco e é único. Aqui encontro a palavra do amor e optando por soltá-la ou deixá-la omitida não deixo nunca de a desfrutar.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Gostei especialmente deste...
Axu que está mt bem conseguido...
Parabéns... =)

9:17 AM  

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