Amar no Escrever

Olhar o mínino, apanhá-lo, exacerbá-lo e racionalizá-lo. Do pensamento para o papel directa e seguramente. As minhas mais inúteis e valiosas premissas.

Thursday, August 31, 2006

Incompetência minha.

Todos pensamos, mais ou menos e com maior ou menor exactidão, nestas coisas do amor. Pelo meio de raciocínios apontamos, sempre inadvertidamente e sem maldade, o dedo aos que não optam como nós. Deixamos o nosso lado crítico avassalar muitas vezes aqueles que, comidos pelo que pensamos, são incompetentes, insensíveis e diminuídos. Então, quando já temos aquele travo amargo na boca por parecermos tão seguros de nós e tão cientes da nossa, repito, nossa realidade, vem a constatação que andamos perdidos. Levamos então a chapada ignorante com força e nem o esfregar faz a sua marca desaparecer do nosso rosto.
Eu, que me rendo ao amor verdadeiro e que acordo os que só querem o que não podem ter, oiço por vezes um despertar mostrador que também eu tenho o meu lado miserável e fatalista. Sinto-me capaz por ouvir o despertar mas não deixo, de maneira nenhuma, de me sentir derrotado pela minha pequenez. Consciente da minha incompetência sentimental sou obrigado a abrir mão do que me vem a alimentar já há algum tempo. Abro a mão por minha escolha e isso pode levar-vos a pensar que, afinal, sempre tenho a força precisa e que os fortes caem para se voltarem a erguer. Se pensam assim estão toldados do mais importante, não por pouca perspicácia, mas por não terem acesso ao sentimento. É o sentimento que me mata. Depois de despertar, e me virar para o meu lado bom da estrada, abro a mão com sofrimento. Abro a mão e sinto um amor fugir. Enquanto mantenho a mão aberta e deixo a abelha voar sinto tudo o que me corre nas veias pedir para não o fazer. No fim, em vez de me orgulhar pela força que tive, lembro-me que foi pelo seu pedido que não voltei a fechá-la e estou afinal, depois de vencer, ainda envenenado, esmagado e queimado como antes. Fecho-me sozinho na minha incompetência e espero amanhã resolver levantar o queixo.

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